sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Tchau Setembro

O final desse mês de setembro está chegando, e agora, olhando para trás, percebo que tenho motivos para comemorar. Minhas aulas de espanhol tiveram início há algumas semanas, e eu estou me dedicando bastante; Aprender outro idioma é uma experiência muito especial. Pensar, sentir, tudo muda. É como voltar a ser criança. Outra novidade bacana foi ter conhecido o novo album do The Verve (Forth) e mais recentemente do Slipknot (All hope is gone). Se tiverem tempo, acessem o youtube e confiram 'Love is Noise' e 'Psychosocial', músicas de trabalho das respectivas bandas. Continuo lendo 'Incidente em Antares'. Impressionante como o autor lida bem com ficção e história. Recomendo a qualquer um que esteja com vontade de ter contato com literatura brasileira. Eu não sou nenhum expert nessa área, mas a minha namorada - que faz aniversário amanhã - diz que essa obra do Erico Veríssimo é um dos nossos grandes clássicos; A cada página dou mais razão aos seus argumentos apaixonados. Ultimamente tenho assistido ótimos filmes (The Day the Earth Stood Still, Lost Highway), e por falar em cinema, eu e a aninha criamos um blog dedicado a crítica, debate com cinéfilos, e download de filmes. Fiquem a vontade para dar sugestões, assim, contribuindo para que mais pessoas consigam ter acesso a filmes alternativos, que geralmente são difícil de se encontrar na locadora mais perto de casa. Vou terminar esse post com Vinicius de Moraes:


(1960) NAMORADOS NO MIRANTE

Eles eram mais antigos que o silêncio
A perscrutar-se intimamente os sonhos
Tal como duas súbitas estátuas
Em que apenas o olhar restasse humano.
Qualquer toque, por certo, desfaria
Os seus corpos sem tempo em pura cinza.
Remontavam às origens - a realidade
Neles se fez, de substância, imagem.
Dela a face era fria, a que o desejo
Como um hictus, houvesse adormecido
Dele apenas restava o eterno grito
Da espécie tudo mais tinha morrido.
Caíam lentamente na voragem
Como duas estrelas que gravitam
Juntas para, depois, num grande abraço
Rolarem pelo espaço e se perderem
Transformadas no magma incandescente
Que milênios mais tarde explode em amor
E da matéria reproduz o tempo
Nas galáxias da ida no infinito.

Eles era mais antigos que o silêncio...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Evolução: Um paradoxo Grego e Moderno.


Na cultura ocidental sucessivos processos revolucionários de idéias e mitos nos conduziram por diversos caminhos desde que o ser humano habita este planeta. Aproximadamente 600 anos A.C uma forma particular de pensamento mudou radicalmente a sociedade. Foi chamada de Filosofia essa arte de pensar o mundo e a si próprio.

Dois filósofos alemães do século XIX e XX, argumentaram contra a ideia de que somos resultados de sucessivas evoluções. Para Nietzsche (1844-1900) e Heidegger (1889-1976) essa decadência começou com os 'socráticos', ou seja, aqueles pensadores contemporâneos a Sócrates e que foram influenciados pelo pensamento dele.

Martin Heidegger defendia que o debate mais importante da filosofia era discutida pelos pré-socráticos. Platão e Aristóteles confundiram o "ser" e o "ente". Na visão deles, era preciso buscar o "ser" do "ente". Isto faz com que o ser volte a ser um ente, o ente essencial, mas apenas um ente. O "ser" está além de qualquer ente, esta é a ênfase de Heidegger. Portanto, ele busca o sentido e a verdade do ser, mas não ousa defini-lo. Só os entes podem ser definidos, mas não o Ser. Os pré-socráticos sabiam disso.

Nietzsche também – em alguns aspectos – não concordava com os socráticos. Antes deles a tragédia grega lidava bem com a dicotomia Apólo (deus da estética, da beleza, da racionalidade) e Dionísio (deus da insânia, da embriaguez). Porém, o que os socráticos fizeram foi esquecer Dionísio e dar ênfase a Ap[olo; postura essa que se expandiu e teve consequências como a criação de uma forma científica de pensar: racionalista, que está intimamente ligada ao desenvolvimento da modernidade e da técnica.

Nietzsche e Heidegger tinham datado o pecado original da história da involução em Platão e Sócrates porém; Adorno e Horkheimer recuam mais um pouco. Para eles, a decadência começa em Homero quando Ulysses é amarrado ao mastro do navio para poder resistir à sedução do canto das sereias. O "si mesmo" que aqui quer se afirmar tem de se endurecer, prender, tem de exercer violência sobre si e acima de tudo: não deve ceder à música. Sem música a vida seria um erro, dizia Nietzsche; Adorno e Horkheimer demonstraram como a vida caiu em erro no momento em que se decidiu pela auto-afirmação, pela repressão e contra a música do mundo.

Será que nos falta o ímpeto para nos entregarmos a essa música do mundo? Destampar nossos ouvidos e nos desamarrarmos dessas cordas. Assim deveria ter feito Ulysses?



Herbert James Draper - Ulysses e as sereias (1909)

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Os Humanos

Já disseram que existe explicação pra tudo, seja ela astrológica, política ou psicológica, porém, é muito importante evitar encarar o que se lê como verdade, mesmo em tempos em que esse conceito é tão relativo.

Várias teorias buscavam dar motivo lógico para o indivíduo agir de determinada forma, e essas interpretações são levadas a sério por um tempo, e depois são substituídas por outras.
Até as teorias tem prazo de validade. Talvez, quanto mais amadurecemos, menos tempo conseguimos carregar as convicção, e até que é isso bom porque cultua-se o contrário, ou seja, as experiências ao longo da vida naturalizam as certezas.

Mas se tem uma coisa que irrita os espíritos livres é ouvir que a natureza do ser humano é de tal forma, e que essa essência determina seus valores e comportamento.

Os advogados dizem que o motivo do nascimento do direito é a natureza errante do ser humano, por isso foram criadas leis para censurar as ações dos indivíduos, seus instintos e vontades. Consequentemente, existiria um controle vigente que consegue ser rígido, impessoal e formal sobre a sociedade, como um freio. Se levarmos isso a sério é melhor deixarmos de usar a palavra liberdade. Esse conceito vazio, inútil e tão enganador.

Liberdade Condicionada é tão débil quanto Desenvolvimento Sustentável. A contradição está diante dos olhos, deve-se rir e despertar desse sonho, ou lutar contra o sistema, o que também não é garantia de liberdade.

Contudo, há quem diga que amanhã eu posso fazer uma revolução na minha vida! Mudar de emprego, começar outra faculdade, procurar novas amizades, quem sabe beijar gente do mesmo sexo. Se eu for para a esquerda ou para a direita, tanto faz, eu estou numa rodovia com limite de velocidade.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Música (Hardcore Superstar - Liberation)

- A música é o braço direito do Caos. O absurdo real. Por mais linear que seja a ideologia do ouvinte, existem músicas que mesmo sendo bizarras e barulhentas, fazem o indivíduo se apaixonar perdidamente. Subitamente, ele começa a se questionar; como posso gostar de algo tão diferente daquilo que faz parte do seu gênero musical? Constata, então, que não há explicação racional disponível. A música está além dos limites da razão. Ela é o inaudito, o que transcende qualquer muralha, coerência ou grilhão. Como é bom ouvir uma música pela primeira vez e por horas repetí-la incontáveis vezes!


The love she gives is almost real
Some things inside is always clear
So deep inside my mind I always see

Refrão

But she will never ever be the one that I need
And she will never ever be the one that I love
But she will always be the one
The only one that I want

I don't know what is in my head
But if it's good then I don't mind
The liberation of my life is what I want and what I need
(x2)

She plays with my head all day
I'm over her in a way
She plays with my mind and says she'll stay

Refrão

I don't know what is in my head
But if it's good then I don't mind
The liberation of my life is what I want and what I need (x4)

You want it
She need it
She want it
She need it
Liberation of my life


segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Action Writing

XII - Idealismo praticante

Existem Flores que nascem em cactos
mas isso não é o fim.
É preciso ter cuidado e dedicação.
Só assim é possível cultivar a eternidade.


IV - Dogma

A linguagem é auto-engação.
O eu, principal instrumento.
a existência, a liberdade,
necessidades, verdadeira falsificação.


Edvard Munch - Retrato de Friedrich Nietzsche, 1906