quarta-feira, 9 de abril de 2008

Surrealismo & Foucault

"A obra de arte surrealista não tem razão nem lógica. À sua maneira, ela aborda o sonho e a mente da criança "
(Giorgio de Chirico)
Se tem algo que faz a vida parecer fútil e desinteressante é a rotina de cada dia, o desencantamento pela novidade, a previsibilidade dos acontecimentos e o conformismo com tudo que se torna velho. Um dos motivos que me faz gostar tanto do surrealismo é porque foi um movimento que incentivou a caçada contra a louca besta dos hábitos. O hábito de ver tudo como imutável. Os artistas desse grupo, conseguiram fazer da sua arte um método de protesto contra tudo aquilo que era encarado como normal. Não faziam diferenciação entre realidade e sonho. A realidade foi gradativamente ridicularizada porque via-se o cotidiano de forma nova, diferente. O surrealismo foi um movimento de crítica política, artística e filosófica. Do início até o meio do século passado. Os integrantes eram profundamente influenciados por Nietzsche, Freud, Marx e pré-socráticos. É interessante encontrar poesia em obras de arte que muitas vezes são absurdas! Fazem-nos ter vergonha de si, questionar nossas certezas, ter raiva da tradição.
Os surrealistas possuíam um f0rte sentimento de grupo - nós resolvíamos os problemas em conjunto. Era isso o que era novo. Naquela altura, reconhecemos que estávamos a adotar uma certa posição, um outro tipo de abordagem intelectual - uma abordagem intelectual colectiva.
(Matta)
Décadas depois, o filósofo francês, Michel Foucault, dirá que o surrealismo, assim como o dadaísmo tive grande contribuição para a quebra de alguns dogmas do seu tempo. Contudo, a coisa mais radical que você pode realizar, a mais revolucionária, é fazer da sua vida uma obra de Arte.

René Magritte - A porta para a Liberdade (óleo sobre tela, 1933)

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