Esse anel de aço escovado,
que não enegrece, nem arranha.
Não me agrada uma criação arrogante,
inumana.
Efetivamente arte e falsificadora da vida.
Esse anel, para ser belo
precisaria envelhecer,
tornar-se imagem e semelhança do criador
Podre, sujo, bicho-autêntico.
Rosa murcha
pênis flácido,
seios caídos, enrugados.
Nobre é o existir para aqueles que lidam com a morte
E nem por um segundo se queixam de doenças.
Toulouse-Lautrec - The Kiss / 1892
Um comentário:
"Efetivamente arte e falsificador da vida".
Acredito que seja exatamente este o objetivo.
Que não se confunda com o humano.
Sim é digno aceitar que viver é andar diariamente em direção à morte.
Nos aproximamos dela quando olhamos no espelho e percebemos uma ruga aqui, outra ali, seguidas de outras características consideradas imperfeições.
A juventude é linda, a vitalidade, os impulsos, a determinação, a coragem, a beleza. Não desejamos nos afastar dela, mas isso não é possível.
A arte transcende a vida.
Mas o que acho interessante mesmo é o desejo de que o tempo se torne estático às marcas do tempo ultrapassa à criação de objetos e transfere-se aos humanos, que repudiam envelhecer, repudiam morrer, viver...
Seres de plástico.
Adorei a poesia.
Talvez daqui a alguns anos olhemos para o seu anel intacto e pensemos:
- Feliz dele, "viverá" eternamente.
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