Na revista CULT de fevereiro, a matéria especial tem como tema a Filosofia & Consolação. Deve ou não a Filosofia debruçar-se na tarefa de proporcionar paz e equilíbrio ao espírito humano? Quem responder que sim, certamente lembrará de Sêneca e Bergson. O primeiro, ensina a arte de superar a perda e a melancolia. O segundo, indica um sentido para nos libertarmos da "ditadura do tempo".
Ao pensarmos em Nietzsche e Platão, a Filosofia terá, dentro de suas críticas, o compromisso com a queda do dogmatismo religioso, por um lado, e de outro, a valorização de uma ética voltada para a transformação social.
Poderíamos considerar o filósofo como andarilho em direção à angústia? O filósofo como entidade disposta ao espanto? Por conseguinte, nesse constante espanto com o mundo, nesse estranhamento dialético, é que se constrói a sua identidade e saber.
Contudo, se sairmos um pouco do campo do Sim & Não, e pesquisarmos qual é a concepção vigente de Filosofia, encontraremos em Gilles Deleuze, o reconhecimento desse saber como arte de criar conceitos. Assim configura-se o nosso paradoxo: Ao criarmos conceitos, exercemos liberdade diante dos discursos estabelecidos, quebramos tudo que cheira mofo e é pesado, porém, segundo o próprio Kierkegaard, é essa realidade da liberdade enquanto possibilidade para a possibilidade, que proporciona a angústia; verdadeira crise existencial.

Hans Bellmer - Die Puppe
(madeira pintada, sapatos e meias, 1934)