sábado, 24 de maio de 2008

Realidade

    AUTOPSICOGRAFIA
    O poeta é um fingidor.
    Finge tão completamente
    Que chega a fingir que é dor
    A dor que deveras sente.
    E os que lêem o que escreve,
    Na dor lida sentem bem,
    Não as duas que ele teve,
    Mas só a que eles não têm.
    E assim nas calhas de roda
    Gira, a entreter a razão,
    Esse comboio de corda
    Que se chama coração.
    Fernando Pessoa


Estou passando bons momentos na vida, em todos os sentidos. Tive no meio da semana uma reunião com o coordenador do curso de Ciências Sociais para analisar meu histórico acadêmico. Dessa forma eu pude saber as matérias que estou devendo, como poderei eliminá-las e quando irei me formar. Também definimos meu tema de monografia, e para minha alegria ele será meu orientador, provavelmente este seja o professor que mais me admira e reconhece minha capacidade como estudante e pesquisador. Um abraço forte pra você Ivan. Recentemente escrevi o meu primeiro conto, chamo este de primeiro porque nos outros eu não tinha consciência da estrutura e linguagem que seria mais interessante utilizar; Meus contos anteriores foram batizados depois de concluídos, mas "Os olhares e a indiferença" nasceu com fisionomia e espírito de conto, prefiro assim. No trabalho as coisas vão bem, confesso estar muito cansado, é verdade, mas enfrentar as responsabilidades e ganhar meu próprio dinheiro está compensando as pernas dormentes. Sinto que estou amadurecendo mais a cada dia que passa, porém, quero deixar bem claro que amadurecer não significa agregar mais convicções ao meu espírito, pois faz tempo que desgosto da dureza dogmática daqueles que de tanto ter certeza sobre as coisas, acabam não mais pensando, a crítica é dessa forma esquecida, definitivamente essa atitude passa longe de mim. Deixei para falar no final de um assunto muito especial: Nosso namoro vai muito bem, estamos caminhando de mãos dadas, lado a lado na trilha da compreensão e da reciprocidade espontânea. Trocamos alguns termos feios por outros mais atraentes, jogamos fora a tolerância de uma condição, pela aceitação do outro como realmente é, e desta forma reconhecemos que isso também faz parte do amor, ou seja, aprender a co-existir respeitando a diversidade de idéias, vontade e gostos. Vocês que leem meu blog certamente acompanham - de alguma forma - a minha vida e o que tenho pensado em determinada época, logo, é possível imaginar o quanto é bela a coragem da minha namorada em estar perto de mim para sentir o que me fascina, o que repudio e aquilo que sou indiferente. Agora são 7:15 AM de sábado e estou sentindo uma leveza adorável, que assim seja, assim tem que ser!

4 comentários:

RafaPitta disse...

Sonhoooo! XD Adorei teu blog!!!
vou visitar sempre, tendo mais tempinho pra ler *.*

arte... lirismo... pensamentos... coisas atoa msm, rsrsrsrs

Anônimo disse...

Curioso o poema de Fernando Pessoa no início sita:"O poeta é um fingidor.." você como poeta ou como pessoa fingi alguma coisa?! Bem de qualquer forma, o que tu escreve é bonito e me agrada quanto leitora, e fico feliz em saber que estás feliz...é possível sentir isso nos seus textos...até a próxima visita aqui no seu blog..

Anônimo disse...

"faz tempo que desgosto da dureza dogmática daqueles que de tanto ter certeza sobre as coisas, acabam não mais pensando, a crítica é dessa forma esquecida, definitivamente essa atitude passa longe de mim."

Sem comentários ;D


Grande(pequeno) Di!
...a você que sabe como é a minha personalidade, deve saber como a "minha" namorada é corajosa.
hehe

Na verdade eu diria que ambos são de uma coragem extraordinária, não diria menos de mim, pelo que ando passando. No fundo coragem para amar nenhum de nós nunca precisou, apenas para deixar de lado o (mal)dito pré-determinado que nos faz acreditar que é sempre o outro quem deve mudar e nós nunca erramos, etc; Pequenos detalhes que impedem o mundo de ser mais feliz e sorrir leve-abestalhado a cada amanhecer.
Um sorriso bobo, meio infantil-inocente... que só diz "eu te amo" ao ser que ousou roubar o nosso coração.

Eu que o diga, grande Aninha.
Aturar este menino ai não é nada fácil, mas como eu digo ao meu aqui... O Di é quase um clone teu, só não bate comigo tanto quanto ;]

Mas... enfim.
Só pra desejar muita felicidade para os dois e que vocês se estapeem muito até aprender a lidar com estas circustâncias da melhor maneira possível, sem manter a distância física e muito menos a emocional.


;****
Se cuida criaturinha

Ani Cristina Bariquello disse...

"Poeta, poetinha vagabundo, quem dera todo mundo fosse assim feito você..."

Disse que estava alterando o layout, por isso fiquei curiosa e entrei logo cedo, imaginei que talvez encontraria aqui até mesmo um novo post.

Nada.

Confesso que ao reler este post "Realidade", que na primeira vez encheu-me de alegria e satisfação, agora sinto-me diferente, e a essa sensação um misto de remorso por não ter comentado antes.

Whatever...

Gostaria de dizer que gostei muito de seu conto, pretendo comentá-lo também, enfim, pensei tanto sobre ele.

Dispersei-me, como eu dizia, gostei muito de seu conto, mas sinto saudade de seus poemas.

"(...)chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente."

Enfim, dessa realidade fica o seu amadurecimento, ...suas novas compreensões, não ficam?
Há coisas que não vão embora.
Dessa realidade - embora eu não saiba até que ponto isso é bom - sua inserção no mundo adulto em que o cansaço é compensado pelo prazer que o dinheiro proporcionam. Confesso que as pernas dormentes me dão prazer, pela sensação de utilidade, dever cumprido, sei lá.
Fica a satisfação pelo seu reconhecimento, como aluno, intelectual, estudante, pesquisador, como você mesmo disse.
Fica sua nova experiência no mundinho dos contos, uma nova forma de organizar, seus pensamentos, seu conhecimento, uma nova maneira de expor suas idéias.
E fica a saudade, não fica?

Faltou dizer que gostei do post, está escrevendo cada vez melhor, até sobre coisas simples.

Admiro-te, (que vocativo usarei depois da vírgula agora)?